Cachoeira do Sul precisa deixar a condição de mero município exportador de matéria-prima e passar a beneficiar seus produtos para agregar valor a eles. O raciocínio é de um dos mais experientes empresários da cidade. Pioneiro no processo de empacotamento do arroz, Alfredo Treichel acredita que o desenvolvimento da atividade orizícola passa pela revitalização do setor. Ele lembra que 25% da produção orizícola local ainda são mandados para fora de forma in natura.
Treichel ainda recordou que Cachoeira do Sul beneficia hoje, com cinco engenhos em operação, 50% a mais de arroz do que na metade do século passado, quando a cidade chegou a ter 59 engenhos. O empresário salientou que ainda há produto a ser beneficiado no município, agregando mais renda e gerando mais emprego. O mesmo vale para outros segmentos, como o pecuário, já que a maior parte da produção bovina deixa Cachoeira do Sul para gerar tributos bem longe do município, analisou Treichel.
O empresário afirma que o apoio do poder público, em todos os níveis, é fundamental para estimular os investimentos no setor produtivo.
Treichel diz que Cachoeira do Sul pode, por exemplo, reativar o complexo Centralsul para esmagar a soja produzida na região. Para o diretor do Engenho Treichel, apostar na agroindústria é uma das alternativas para revigorar o setor produtivo.
Mercado Internacional
Cachoeira do Sul se voltará ao mercado externo, não apenas para exportar arroz, como também outros produtos. Treichel vê boas perspectivas no mercado europeu, na Ásia, especialmente China, no próprio Mercosul e na futura Alca.
Transportes
haverá uma revolução no setor de transportes. O Brasil deixará de depender apenas do setor rodoviário, pois hoje nem o Exército tem o poder de paralisar o país que têm os transportadores e caminhoneiros. No futuro, prevê Treichel, as empresas contarão com uma malha ferroviária melhor e alternativas viáveis, como hidrovias em condições de escoar a produção.
Diversificação
O empresário antevê ainda que as empresas do setor primário vão diversificar suas atividades, aquecendo o agronegócio e gerando emprego e renda.
O empresário Alfredo Treichel é um dos pioneiros do empacotamento do arroz no Rio Grande do Sul. Até a década de 70, não se concebia isso, já que o produto era comercializado em sacos, contou o empresário. No entanto, o Governo decidiu investir na implantação de grandes redes de supermercados, que passaram a exigir o produto nas gôndolas. A indústria foi obrigada a se adequar aos novos tempos e embalar o arroz para o consumidor.
Quem resistiu às mudanças, faliu! Treichel recorda que modificar a cultura do saco foi difícil. Nem todos a aceitaram, mas com o advento do supermercado, houve uma verdadeira revolução na relação de consumo, observou o empresário, salientando que o investidor precisa estar sintonizado no futuro.
Modelo no setor de processamento do arroz, principal produto municipal, o Engenho Treichel se prepara para a guinada que a indústria de beneficiamento brasileira pretende dar nos próximos anos, visando o mercado externo. O Brasil não tem tradição em exportar o produto, observou o empresário Alfredo Treichel. Mesmo assim, o país precisa se habilitar para a nova realidade do mercado mundial.
Pioneiro no processo de empacotamento do produto no Rio Grande do Sul, Treichel afirma que a modernização é um processo irreversível para quem quer crescer. O empresário ensina que aproveitar oportunidades e observar o mercado são dois cuidados importantes para que o investimento realmente emplaque. "O processo de tecnificação da produção deve ser constante", observa o empresário.