Carvão: Cachoeira possui uma das maiores jazidas do mineral no Rio Grande do Sul, tida durante muitos anos como uma das de maior qualidade no Brasil
Uma das maiores esperanças de crescimento e desenvolvimento de Cachoeira do Sul, assim como as lavouras de arroz, também vem debaixo da terra. É o carvão, uma das maiores jazidas do Rio Grande do Sul, que vai tornar realidade a Termelétrica CTSul, a ser erguida no interior do município. Ainda faltam algumas etapas a serem cumpridas, mas a termelétrica já deu provas do que significa para Cachoeira do Sul. Vista como um instrumento capaz de impulsionar o desenvolvimento do município e da região, gerando empregos e renda, a usina tem todo o apoio da comunidade, como ficou comprovado no plebiscito realizado em maio de 2006. Na consulta popular, 83,4% dos mais de 10 mil eleitores que compareceram aos locais de votação foram favoráveis ao empreendimento.
Somente durante o período de construção da Central Termelétrica do Sul (CTSul), previsto para durar de quatro a cinco anos, deverão ser empregados do município aproximadamente 4,2 mil trabalhadores, que receberão R$ 50 milhões em salários durante o período. “Esse dinheiro movimentará toda a economia local”, assegura José Benemídio Almeida, presidente da Cooperativa de Eletrificação Centro Jacuí Ltda (Celetro), principal sócia cachoeirense do projeto. Quando a usina entrar em operação, haverá um enorme incremento na arrecadação de impostos, principalmente ICMS.
ONDE FICA - A CTSul será construída a aproximadamente 20 quilômetros das jazidas carboníferas do Capané e do Iruí, a 35 quilômetros da zona urbana de Cachoeira do Sul pelas BRs 153 e 290. Para a planta propriamente dita serão necessários cerca de 40 hectares, mas será adquirida uma área total de 100 hectares. Quatro locais foram avaliados para receber a usina, de acordo com vários critérios: impacto causado à comunidade existente, distância das minas e das linhas de transmissão, acessibilidade ao sistema de transporte existente e aos recursos hídricos, diminuição do custo de construção considerando os aspectos geotécnicos e topografia, entre outros.
Até lá, a usina ainda terá que passar por mais alguns obstáculos, entre eles a obtenção das licenças de implantação (LI), operação (LO) e prévia (LP) para a extração do minério. As autorizações são de responsabilidade da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). “Vamos cumprir todas as etapas com tranqüilidade, sem atropelos”, destaca José Benemídio, explicando que os projetos de geração de energia e extração do carvão estão relacionados, mas são independentes. Os trabalhos de retirada da matéria-prima do solo e transporte até a usina serão terceirizados. Mesmo que as jazidas próximas não tenham sua exploração liberada até a termelétrica começar a funcionar, já existe um acordo assinado com a Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM) para fornecimento do produto em caso de necessidade.
Uma das grandes preocupações de ecologistas e produtores das áreas próximas onde será instalada a usina se refere à acidificação dos arroios próximos. Pelo projeto da CTSul, no entanto, isso não ocorrerá. O carvão utilizado para gerar energia não precisará ser lavado antes de ir para as caldeiras. Além disso, toda a água utilizada no resfriamento do sistema não entrará em contato direto com o minério ou subprodutos obtidos durante a sua queima. A captação da água do Rio Jacuí, assim como a sua devolução, acontecerá num ponto a mais de dois quilômetros abaixo da Praia Nova. A canalização deverá seguir pelas margens das BRs 153 e 290, até a usina.
DINHEIRO
• A questão financeira está solucionada desde setembro de 2006, quando houve a assinatura do contrato de financiamento - com bancos holandeses - para a construção do complexo da CTSul, que custará aproximadamente 2,7 bilhões de dólares.
PARCEIROS
• A empreiteira Camargo Correa - maior empresa barrageira do mundo - fará a execução da obra. A Celetro é parceira local do empreendimento, que também conta com investidores da Alemanha e Holanda.
APOIO POLÍTICO
• A iniciativa sempre contou com o aval do Governo do Estado e do Governo Federal, que até realizou uma missão à China para incentivar o projeto, agora com apoio alemão e holandês.
CONSULTA POPULAR
• A Fepam realizou o encontro no final de 2005 como forma de esclarecer dúvidas da comunidade cachoeirense sobre a usina. O projeto ficou à disposição da população durante 45 dias.
LICENÇA PRÉVIA (LP)
• Emitida pela Fepam, depois de uma exaustiva avaliação dos impactos ambientais que serão provocados, autorizando a CTSul a dar andamento ao projeto.
PLEBISCITO
• Organizado pela Prefeitura e Justiça Eleitoral, apurou o desejo da população cachoeirense de ver a usina em funcionamento.
LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI)
• A autorização da Fepam para execução das obras de construção da usina, que ficará no Capané, à margem da BR 290. Esta licença já foi aprovada.
LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO)
• A liberação da fundação para que a usina entre em funcionamento, dada somente depois de uma vistoria nas instalações.