Cidade busca garantir uma nova geração empreendedora e líder
Preparar os futuros empresários é o objetivo de um projeto inovador lançado em abril de 2007 pela Prefeitura Municipal em parceria com a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). A iniciativa, intitulada Criança Empreendedora, envolve estudantes de escolas da rede pública e privada de Cachoeira do Sul e dá sinais de que não faltam idéias e talentos para o mercado.
A experiência piloto do projeto foi desenvolvida na Escola Municipal Milton da Cruz, no Bairro Universitário, com 80 crianças de oito a 11 anos que estão na terceira e quarta séries. Durante quatro meses, os alunos se empenharam para empreender projetos, envolvendo diferentes atividades, explica a diretora Marieta Lopes Streck.
Um dos primeiros passos foi sair a campo e descobrir as necessidades do bairro, explicou o aluno Gustavo Radtke Oliveira, nove anos, que decidiu abrir uma floricultura. Depois de pesquisar, o colega de Gustavo, Bruno Barbosa Alves, 10 anos, descobriu que seria mesmo interessante abrir uma loja de tintas. “Quem mora aqui no bairro precisa ir ao Centro para comprar flores e tintas”, perceberam os empreendedores do futuro.
Enquanto aguardam a segunda fase do projeto, que deve iniciar em março de 2008, os futuros empreendedores da Milton da Cruz aproveitaram para visitar empresas do ramo que eles trabalharam em sala de aula. Bruno foi à Comercial Cachoeira de Tintas, na Avenida Brasil, e viu de perto como funciona o negócio. Ele disse que o empreendimento tem tudo a ver com o que gosta de fazer: desenhar e pintar.
Já Gustavo passou pela Feira das Folhagens, nas Cinco Esquinas, e conheceu de perto como opera uma das mais tradicionais empresas do setor de floricultura da cidade. Durante a visita, o estudante ficou encantado com a beleza das espécies de planta e sentiu-se à vontade em meio ao verde. Para o empreendedor do futuro, flores e plantas não só servem para embelezar ambientes, mas serão peças importantes dentro do novo contexto ambiental do planeta.
Os pequenos empreendedores da Milton da Cruz já sabem que a propaganda é a alma do negócio. Por isso, além de criarem suas próprias empresas, eles encarregaram-se também de montar a própria publicidade do negócio. “A gente fez maquete e também material de divulgação dos produtos”, explicou Bruno Alves. No final das contas, o trabalho acabou envolvendo toda a escola. “Foi uma atividade muito interessante, que vamos repetir no ano que vem”, prometeu a diretora.
Onde acontece o projeto
Foi o estabelecimento de ensino pioneiro no projeto, que iniciou em abril de 2007 com alunos do ensino fundamental. Nas atividades práticas as crianças montaram, numa espécie de minifeira realizada no pátio da escola, pequenas empresas.
Estudantes do ensino fundamental da escola do Bairro Bom Retiro também estão envolvidos no projeto, onde desenvolvem idéias e colocam a criatividade em prática. Eles criaram empresas nos mais diversos ramos de atividade, com base nas necessidades da própria comunidade.
Além de estudantes de terceira e quarta séries, o colégio luterano está fazendo uma experiência inédita, de envolver também alunos da segunda série do ensino fundamental no Criança Empreendedora. Apesar da pouca idade, os baixinhos estão surpreendendo, afirmam os coordenadores da iniciativa. Entre as atividades práticas estão a visita a empresas da cidade e o encontro com empresários. A presidenta da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cachoeira do Sul, Flávia Tonet, foi uma das que palestraram para os empreendedores do futuro do Colégio Ulbra São Pedro.
No estabelecimento de ensino do Alto do Amorim, duas turmas de alunos da terceira série participam do Criança Empreendedora. Depois de diversas etapas de preparação, eles partiram para o trabalho prático, envolvendo a elaboração dos projetos de empresas. De acordo com a coordenadora da iniciativa, professora Alessandra Senna, surgiu todo tipo de idéia, de acordo com as carências de serviço do bairro. Os alunos decidiram investir em lancheria, supermercado, farmácia, restaurante, padaria e até boate e empresa para calçar e limpar ruas. A estudante Bruna Pedroso dos Santos, nove anos, disse que a idéia de montar uma boate foi tomada pelo grupo e que a casa noturna funcionaria durante a semana, com ingresso custando R$ 1,00. O aluno Cássio Denilson Cesar acredita que um negócio de futuro será mesmo investir numa lancheria, já que o bairro conta apenas com armazéns e uma padaria.