Gigantes da solidariedade fazem de Cachoeira uma das cidades mais mobilizadas do estado
Cachoeira do Sul é uma cidade que responde bem ao terceiro setor e aos apelos pela solidariedade. Além de campanhas comunitárias voltadas ao auxílio dos mais necessitados, as empresas cachoeirenses colocam em prática iniciativas de grande alcance social. O trabalho voluntário também é cada vez mais intenso e importante para o atendimento dos cachoeirenses carentes.
O Hospital de Caridade e Beneficência (HCB), o maior da região, um dos principais alvos das campanhas comunitárias, também desenvolve iniciativas no terceiro setor. Uma das mais importantes e que vem ganhando força é o voluntariado. São cidadãos que dedicam parte de seu tempo para ajudar no atendimento dos pacientes da instituição.
Semanalmente, cerca de 30 voluntários se revezam pelos mais diversos setores do hospital. “A ajuda deles é extremamente relevante para o atendimento”, afirma a coordenadora do movimento voluntário do HCB, Ana Paula Iores Bernardes, que está conseguindo qualificar o programa. Os candidatos a voluntário passam por uma rigorosa entrevista, ao contrário do que ocorria antes, quando não havia nenhum controle no ingresso de voluntários ao HCB, explica a coordenadora.
Há 30 dias na ala SUS, onde atuam outros sete voluntários, a dona-de-casa Inês Machado, 49 anos, trocou a vida tranqüila de suas casas, uma delas situada no interior, para dedicar-se aos pacientes do HCB. Duas vezes por semana (quartas e quintas-feiras) ela vai ao hospital para prestar auxílio ao setor de quimioterapia. A dedicação de Inês tem despertado a atenção dos responsáveis pelo serviço: ela serve café e chá aos pacientes, os ajuda a ir ao banheiro e, o mais importante, conversa com eles. “Eu ajudo em média oito pessoas por dia na quimioterapia”, disse a voluntária.
Nos quartos do SUS o serviço de Inês e dos demais voluntários também está fazendo a diferença, revelou Ana Paula, admitindo que a contribuição deles é de grande relevância para o hospital. Quando está no HCB, Inês conversa, anima, troca idéias com doentes e familiares e até dá comida na boca de pacientes, como o agricultor Jocemar Prestes Teles, 20 anos, que no dia 5 de outubro fraturou um braço, no interior de Três Vendas, depois que o trator dele virou. “Essa ajuda que ela nos dá é muito importante”, declarou Teles.
Metade da força de trabalho voluntário do hospital está a serviço da lojinha do HCB, que assegura mensalmente uma renda entre R$ 8 mil e R$ 10 mil à instituição. Foi graças ao trabalho de 29 voluntárias, que se revezam durante a semana na comercialização de roupas doadas pela comunidade, que o hospital conseguiu concluir obras importantes, como a reforma da ala 200, onde são atendidos pacientes particulares.
A lojinha funciona no mesmo prédio da Casa de Cultura Paulo Salzano, espaço cedido gratuitamente pela Prefeitura. Com os recursos da venda dos agasalhos doados, o hospital tem conseguido beneficiar também a ala SUS, que ganhou novos utensílios e qualidade de serviços.
Assim como a caçapavana Inês, que conta com o apoio dos filhos (todos maiores de idade) e do marido para encarar o desafio do voluntariado, os demais colaboradores do HCB sentem-se gratificados em poder ajudar o próximo. A coordenadora Ana Paula revela que a contribuição deles tem sido decisiva para melhorar a qualidade dos serviços no hospital. “Eles conversam com os pacientes e estão atentos a tudo, informando à coordenação sobre o que necessita ser melhorado”, detalhou.
A alimentação é um bom exemplo disso. A sopa, que antes era servida em panelões, por sugestão dos voluntários agora é levada aos quartos do SUS em sopeiras de aço inox, que conservam o alimento quente. Os pacientes ganharam talheres novos, pratos em melhores condições e atenção especial até na hora de se alimentarem. “Estamos humanizando e qualificando cada vez mais os serviços”, observou Ana Paula.
O setor de voluntariado do HCB promove reuniões mensais, já que todo o trabalho desenvolvido pelos voluntários é acompanhado de perto pelo setor de enfermagem e demais técnicos da instituição. “Se um paciente pede auxílio para mudar de decúbito (posição), por exemplo, o voluntário recorre antes à enfermagem para saber se o procedimento é permitido. Quem atua na quimioterapia, como a dona-de-casa Inês Machado, que chegou a iniciar, mas não concluiu o curso de auxiliar de enfermagem, passa por treinamentos específicos, completou Ana Paula.