40 mulheres trabalham para que a escola da Apae sobreviva
Sem o abnegado trabalho de cerca de 40 mulheres, as dificuldades da Escola Especial Ponche Verde, mantida pela Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Cachoeira do Sul, seriam maiores ainda. Como vem ocorrendo há 12 anos, todas as quartas-feiras elas se reúnem na instituição para tecer arte em favor da solidariedade. A renda que resulta do comércio das peças de artesanato é revertida para a Apae, que atende 136 alunos, de zero a 50 anos.
Além do trabalho dos oito professores estaduais, outros 21 cedidos pelo Município e dos três funcionários, a Apae sobrevive graças ao voluntariado. “A comunidade sempre nos responde positivamente”, afirma, aliviada, a diretora Marta Regina Andrade. No caso das voluntárias o trabalho é gratificante, pois além de ajudar os alunos da Apae, as senhoras acabam tendo um momento de encontro e descontração pelo menos uma vez por semana, explicou a coordenadora Maria Conceição Choaire.
As irmãs Isamar Pereira, 57 anos, Ereni Moura, 60, e Angela Soni Rosa, 53, e a filha de uma delas não perdem um encontro na Apae. Ao mesmo tempo que confeccionam peças de artesanato, as quatro se divertem contando histórias e se descontraindo. A diretora Marta reconhece que no final das contas todos acabam se beneficiando com o trabalho voluntário, que é de vital importância para a existência da Apae.
Nos próximos dois anos, a Apae de Cachoeira do Sul pretende atingir uma das mais importantes conquistas de seus 39 anos de história. A instituição planeja implantar a produção em série de artigos confeccionados à base de papel reciclado, que hoje é o carro-chefe das oficinas que envolvem estudantes e professores da instituição. O objetivo, revelou a professora Miriane Nunes, é assegurar a geração de renda regular para os alunos. A educadora, que coordena uma diversificada oficina de artigos, disse também que outro objetivo a médio prazo é implantar uma cooperativa de trabalho na Apae.
Na época quente de vendas, o Natal, a Apae quase não dá conta do volume de pedidos. “As pessoas gostam de comprar os artigos, que são boas opções de presente, e ainda ajudar a entidade”, observou a professora Roseclér Kuhleis, que coordena a oficina de papel reciclado, onde atuam seis alunos, entre eles Jorge Eduardo Bastos da Silveira, um craque no reaproveitamento do papel.
Das oficinas da Apae saem verdadeiras obras de arte, como caixas para presentes, álbuns, blocos de anotações, entre outros. O preço acessível dos artigos - os valores variam de R$ 0,50 a R$ 190,00 - é outro atrativo. “E a gente acompanha as novidades”, revela a professora Roseclér, mostrando uma caixa personalizada, decorada no melhor estilo emo, referindo-se a uma tendência musical do momento.