95% das empresas cachoeirenses são micro ou pequenas
Cachoeira do Sul tem atualmente cerca de 2.400 micro e pequenas empresas espalhadas pelo Centro e bairros da cidade. Segundo a estimativa do presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas (AME), André Fortes, as empresas de pequeno porte do município somam cerca de 95% do total de investimentos. Não há dados concretos em Cachoeira, mas sabe-se que elas são responsáveis por 65% da economia do Brasil e também compõem grande parte do produto interno bruto (PIB) do país.
Uma das grandes preocupações da AME é a falta de dados concretos sobre as microempresas cachoeirenses. Segundo Fortes, tudo o que se sabe é baseado apenas em dados informais, sem nenhuma comprovação técnica. “Sabemos que em Cachoeira do Sul predomina o comércio de vestuário apenas porque isso é um fato que podemos visualizar facilmente, mas números que comprovem isso nós não temos”, lamentou o presidente. A meta da AME é firmar parceria com alguma universidade para que ela possa fazer esta pesquisa.
ORIENTAÇÃO - Fortes ressaltou também que o levantamento técnico sobre os mercados saturados e os mais promissores é de extrema importância para que a AME possa orientar novos empresários que procuram a associação em busca de auxílio. Fortes lembrou que a falta de dados inibe a criação de projetos voltados aos pequenos comerciantes. Segundo ele, a melhor área para se investir hoje em Cachoeira do Sul é na criação de novos produtos que entrem no mercado trazendo novidades, mas que não concorram com as grandes indústrias. “É preciso se extrair riquezas de produtos já existentes. Nossa orientação principal é para que os empresários saibam valorizar suas marcas para que elas ganhem lugar no mercado”, conclui.
O conceito de agricultura familiar ainda é bastante recente, mas vem se expandindo rapidamente e em municípios onde a agricultura é forte, como em Cachoeira do Sul, ela vem sendo a base de sustentação de muitos lares. Na agricultura familiar a principal característica é a mão-de-obra familiar e ocorrem apenas contratações temporárias de terceiros. Para que uma propriedade seja classificada como familiar ela deve ter no máximo 80 hectares se for produzir grão e 120 hectares se for destinada para a pecuária.
No Rio Grande do Sul 70% dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores têm origem em propriedades voltadas à agricultura familiar. Não há números específicos de Cachoeira do Sul, mas acredita-se que a média seja semelhante. O presidente da Associação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Cachoeira do Sul (AF Cachoeira do Sul), Neiron Viegas, estima que 90% da produção de fumo e de suínos em Cachoeira venha de pequenas propriedades.
Mesmo o arroz e a soja, que tem destaque no município por ser cultivada em grandes lavouras, também têm lugar garantido na agricultura familiar, porém em menor proporção. Segundo a AF Cachoeira, cerca de duas mil famílias cachoeirenses se dedicam à agricultura familiar, podendo ser encontradas principalmente na zona norte de Cachoeira. Somente no fumo são aproximadamente 500 famílias. Na produção leiteira são mais cerca de 300.
Entre as principais vantagens da agricultura familiar está a produção de uma alimentação mais saudável e sempre em abundância suficiente para alimentar a família e ainda render recursos a ela. Viegas citou também como um dos benefícios deste tipo de cultura a tranqüilidade de vida que o agricultor pode ter. “O pequeno agricultor tem mais liberdade e qualidade em sua vivência. Ele não tem um patrão e se precisar vir ao centro da cidade às 15h ele poderá vir sem problemas”, exemplificou ele.
Nem tudo, entretanto, são flores na vida de um pequeno agricultor. Há também espinhos em seu caminho. Viegas ressaltou que a falta de assistência técnica voltada a este setor e de uma maior organização para a comercialização daquilo que foi produzido ainda é uma barreira na agricultura familiar. Além disso, a dificuldade de acesso à saúde pública e a má qualidade das estradas são problemas enfrentados por estes trabalhadores.