Enquanto Cachoeira do Sul mantém o debate necessário sobre a hidrovia, os trilhos e a ponte, surge mais um modal, o aéreo
Em 1961, o Plano Hidroviário do Estado foi concluído pelo Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais (Deprec), criado em 1951 e extinto em 1998, substituído pela Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). O projeto previa a interligação das hidrovias do Jacuí (com portos em Cachoeira, Rio Pardo e Triunfo) e do Taquari, a partir do Porto de Estrela, com o Superporto de Rio Grande. Cachoeira e Estrela (e Porto Alegre) seriam três importantes entroncamentos rodo-hidro-ferroviários que dariam vazão às safras gaúchas até Rio Grande
Cachoeira do Sul é um município que multiplica caminhos. Localizado no centro do Rio Grande do Sul, está bem no meio das rotas de produção, das lavouras para o Porto de Rio Grande, dos centros urbanos do interior para Porto Alegre e fronteira e entre os polos de Santa Maria e Santa Cruz do Sul.
Por isso sua vocação para o transporte. Erguida ao lado do Rio Jacuí, possui cais e armazém prontos no Porto de Cachoeira e o mapeamento da Hidrovia do Jacuí. É cortado na zona norte pelos trilhos do trem e, via asfalto, está a 30 quilômetros das duas principais artérias rodoviárias do estado, a BR 290 e a RST 287.
São caminhos de uso potencial, pois nem o porto nem a hidrovia ainda são utilizados e a estratégia ferroviária é voltada somente para cargas. Como Cachoeira do Sul também começa a se transformar em um polo de armazenagem, com a Pradozem assumindo os antigos silos da Cesa e a chegada da Cooperja, o asfalto é visto como solução para ligar os caminhos de caminhões também dentro da cidade.
O Departamento de Navegação e Hidrovias (DNHI), do Ministério da Infraestrutura, já declarou em 2021 que o governo federal não tem interesse, neste momento, em investir da Hidrovia do Jacuí, o que deve retardar ainda mais o uso do Porto de Cachoeira. Deixou em aberto, porém, a possibilidade de parceria com a iniciativa privada.
Tanto Pradozem quanto as empresas madeireiras demonstram interesse em levar cargas pelo rio em função do encarecimento do frete rodoviário e do alto custo do transporte. Entretanto, a recuperação da hidrovia tem de ser governamental. Já está prevista a recuperação de eclusas ao longo do Jacuí, incluindo Cachoeira do Sul, segundo informações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
INSIGHT
No momento em que o Anuário Cachoeira do Sul 2022 está em fase de finalização, a cidade revive o drama de interdição da Ponte do Fandango, principal interligação regional sobre o Rio Jacuí. Danos da estrutura obrigaram obras emergenciais que realimentam outro debate comunitário urgente, a construção de uma nova ponte, com mais capacidade de carga.